"A maquilhagem negra
escorria-lhe pela cara a baixo juntamente com o mar de lágrimas que marcavam as
suas faces de negro, contrastando com o vermelho dos seus olhos. O medo e a
desilusão refletiam-se neles. Sentia-se desprotegida, exposta, pois ela não estaria
mais lá para a proteger. Escondeu a cara nas mãos e juntou os joelhos ao peito
dobrando-se sobre si formando uma concha com o corpo.
Deixou-se chorar enquanto revia as palavras proferidas minutos antes. Não conseguia acreditar em nada. Para si nada passava de uma ilusão, nada era real! Nada era verdadeiro!
Era verdade…
Um surto de fúria invadiu o seu corpo. A sua mente deixou-se invadir pela raiva e amargura que toda a situação lhe causava. Enganada, usada, traída, eram as palavras que melhor descreviam como se sentia no momento. Pegou numa das almofadas e esmurrou-a com os punhos até estes lhe doerem, lançando-a depois contra o armário beije no canto direito do quarto, ao lado da janela. Impulsionou-se contra a parede e, de novo com os punhos, esmurrou-a com toda a sua força, ainda que pouca. A dor física não conseguia adormecer a dor na sua mente, mas servia de analgésico para aquele memento tão degradante. Ainda assim, para ela não era suficiente… Sabia que agora ninguém a podia impedir de o fazer. Ninguém estaria lá para lhe ralhar por o fazer, pois ela não queria saber! Ela não queria saber se se estava a magoar a si mesma! Ninguém a poderia ter magoado mais, e não seria uma dor física que lhe causaria mais sofrimento.
Procurou a pequena caixa de pele negra envernizada por baixo da cama, escondida no canto entre a perna da cama e da mesinha-de-cabeceira. Lá dentro, nada mais, nada menos, que a sua melhor amiga, a velha e reluzente lâmina, aquela amiga que nunca a desiludiria!
Puxou as mangas para trás e desviou as pulseiras dos pulsos finos. Mirou as cicatrizes. Umas mais fundas ou mais compridas que outras, muito diferentes entre elas, mas, no entanto, tão semelhantes.
Não esperou mais, e, ainda com as grossas lágrimas a turvarem-lhe a vista, rasgou a pele num movimento firme e rápido. Precipitou-se para o outro braço repetindo o movimento múltiplas vezes. Fechou os olhos e sentiu, ainda que muito ténue, a dor da carne separada em dois, ao mesmo tempo que sentia o sangue quente escorrer-lhe pelos braços caindo sobre as calças e o chão.
Chorou mais uma vez, embriagada que estava e as drogas que insistia em tomar faziam daquele momento a mais pura das alucinações. Continuou. Cortou mais e mais… Pendeu a cabeça para trás e fechou os olhos.
Rose tinha desempenhado o seu papel, tinha-a acompanhado durante os últimos 6 anos, salvou-lhe a vida, mas ela foi mais forte.
Deixou-se chorar enquanto revia as palavras proferidas minutos antes. Não conseguia acreditar em nada. Para si nada passava de uma ilusão, nada era real! Nada era verdadeiro!
Era verdade…
Um surto de fúria invadiu o seu corpo. A sua mente deixou-se invadir pela raiva e amargura que toda a situação lhe causava. Enganada, usada, traída, eram as palavras que melhor descreviam como se sentia no momento. Pegou numa das almofadas e esmurrou-a com os punhos até estes lhe doerem, lançando-a depois contra o armário beije no canto direito do quarto, ao lado da janela. Impulsionou-se contra a parede e, de novo com os punhos, esmurrou-a com toda a sua força, ainda que pouca. A dor física não conseguia adormecer a dor na sua mente, mas servia de analgésico para aquele memento tão degradante. Ainda assim, para ela não era suficiente… Sabia que agora ninguém a podia impedir de o fazer. Ninguém estaria lá para lhe ralhar por o fazer, pois ela não queria saber! Ela não queria saber se se estava a magoar a si mesma! Ninguém a poderia ter magoado mais, e não seria uma dor física que lhe causaria mais sofrimento.
Procurou a pequena caixa de pele negra envernizada por baixo da cama, escondida no canto entre a perna da cama e da mesinha-de-cabeceira. Lá dentro, nada mais, nada menos, que a sua melhor amiga, a velha e reluzente lâmina, aquela amiga que nunca a desiludiria!
Puxou as mangas para trás e desviou as pulseiras dos pulsos finos. Mirou as cicatrizes. Umas mais fundas ou mais compridas que outras, muito diferentes entre elas, mas, no entanto, tão semelhantes.
Não esperou mais, e, ainda com as grossas lágrimas a turvarem-lhe a vista, rasgou a pele num movimento firme e rápido. Precipitou-se para o outro braço repetindo o movimento múltiplas vezes. Fechou os olhos e sentiu, ainda que muito ténue, a dor da carne separada em dois, ao mesmo tempo que sentia o sangue quente escorrer-lhe pelos braços caindo sobre as calças e o chão.
Chorou mais uma vez, embriagada que estava e as drogas que insistia em tomar faziam daquele momento a mais pura das alucinações. Continuou. Cortou mais e mais… Pendeu a cabeça para trás e fechou os olhos.
Rose tinha desempenhado o seu papel, tinha-a acompanhado durante os últimos 6 anos, salvou-lhe a vida, mas ela foi mais forte.
E foi assim que Rose
morreu."
Sem comentários:
Enviar um comentário