Pergunto-me enumeras vezes o porquê de nunca ter conseguido seguir em frente... Pergunto-me porque não fui capaz de te parar, ou denunciar, ou simplesmente odiar... Limitei-me a tentar esquecer...
Pergunto-me porque me custa tanto a lembrança de um passado que já não existe, e pergunto-me porque continua tão presente...
Todas as guerras, as lutas, as discussões, as confusões na minha cabeça, coisas que eu não consegui entender durante anos, tornaram-se claras, agora que saí do meu buraco.
Agora, à luz do sol, complexa e sagrada, todas as confusões são simples e transparentes como a água. A minha mente estava danificada, bloqueada, transtornada por factores que nunca dependeram de mim. A culpa nunca foi minha! E eu sei que não foi! Eu juro...
Se pudesse mostrar-te, tu não quererias ver, és cobarde demais para o assumir! E agora já é tarde...
Restam as cicatrizes, indolores e finas. Restam as memórias, dolorosas e cruéis... Resto eu!
Eu ainda penso no passado, e, ultimamente, o cansaço e a solidão trouxeram-me de novo os pensamentos que sempre desencadearam a raiva e o desalinho... Mas eu vejo-as, elas latejam nos meus pulsos, estão lá sempre que eu olho, e não consigo expressar o quanto as odeio...
Eu nunca fui mais do que sou, e nunca serei menos do que era... Eu sempre fui eu, um eu que odiava.
Estas cicatrizes que eu trago comigo, são nada mais que uma guerra travada com o passado, de quando eu me culpava, inconscientemente, por tudo o que me fizeste.
E se me caem lágrimas nas mãos, é porque ainda me magoas... Mas agora sei que sou capaz de te odiar... e isso, é a melhor coisa que me aconteceu!
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