Quando éramos pequeninos ensinaram-nos a andar, a falar, a
escutar.
Aprendemos e crescemos. Cometemos erros e caímos, mas também
nos foi ensinado como nos devemos levantar.
Os anos passaram, e aos poucos começaste a corta-me as
pernas, até aos tornozelos. A regeneração foi instantânea. Retomei o meu caminho
e perdoei-te como sempre fiz.
Anos mais tarde ele apareceu e algum tempo depois decidiu
cortar mais um pouco. Desta vez rastejei, e encontrei nessa forma de progredir
uma maneira fácil de não ter de me levantar. Mas cheguei a um ponto em que não
aguentei mais, pois estava a ficar para trás…
Agora outra pessoa apareceu, cortou-me as pernas pelos
joelhos, e eu não sou capaz de me levantar… tinha prometido a mim mesma que
depois da segunda não haveria uma terceira. Como estava errada! No entanto, já
não sei quem cortou mais, se foi esta pessoa, ou se foste tu ao longo dos anos…
ou se fui eu. Nunca vou conseguir ultrapassar o medo… mas a verdade é que
quando se rasteja, já não se pode cair…
O papá não me bateu
hoje… - disse a menina em surdina para o pequeno urso de peluche, feliz, antes
de adormecer.
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