quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O sangue

Racionalizo, penso, analiso, formato, reinvento, corrijo e volto a redigir. Apago, desenho, crio, destruo, subo, desço e volto a subir. Aumento, diminuo, grito, choro, volto a pensar e volto a redigir.

Mecanizo...

"Eu sou forte." - convenço-me.

E volto a subir ao pódio, levada por mãos imundas que me tocam e me levam para onde eu não quero ir. Mãos dos outros que me infectam, que me poluem e me deixam doente.
Não caminho sozinha, isso eu sei, mas desconcerta-me este fio de sangue que escorre estrada abaixo, mesmo ao meu lado. Debruço-me sobre a tinta vermelha, os pequenos homenzinhos, que outrora carregavam vida, rolam pela calçada, mortos e destroçados.
O cheiro é imundo, desolador: O familiar cheiro a tédio e decadência.
AH! Como querias voltar?
O sangue escorre pelas paredes, pelos carros; o sangue espalha-se à minha volta, consome, um a um, os vultos que caminham em direcções aleatórias, denunciam os impuros.
AH! Não podes esconder! O sangue consumiu-os a todos. O sangue consumiu-me a mim... Não deixo de ser tal e qual a vós!


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