16 anos, 6 meses, 7 dias e 1 hora de vida…
Não sei do que sinto mais falta, se é do som, do sabor ou do
cheiro, apenas sei que o que queria era que os ponteiros do relógio decidissem
rodar, desta vez, na direcção contrária. Tenho saudades da ingenuidade e da
protecção, do conforto e da clareza… Talvez nos tenhamos perdido algures entre
o tempo e o vazio.
Um ano e alguns segundos, tempo a mais que noutro lugar
seria fatal, o que não significa que não me mate na mesma. A única diferença é
que o relógio não parou nem mudou de direcção.
Existe um horizonte pelo qual passeamos os olhos vezes sem
conta, e sem nos apercebermos do quão paranóicos isso nos faz. Afinal de que
nos serve ele?
Queria voltar a sentir a doce frescura de uma manha de sol,
naquele que era o nosso campo de refugio, eu envolta nos braços que me
trouxeram a este mundo, tu ainda à espera para chegares.
Sei que ainda não o sentes, mas o mundo será ainda mais
cruel para ti, porque não tens armas com que te defender. Mas tu sabes chorar…
eu não.
E se eu mudar a direcção dos ponteiros? Ou e se eu os
atrasar 13 anos?
Um ano e alguns segundos depois, eu escrevo sobre o nada que
se passou entretanto e o tudo que se perde constantemente… a vida é feita de
pequenas coisas, coisas essas que ainda não te apercebeste que existem, mas que
um dia te farão imensa falta.
É disso que eu necessito! É isso que eu quero! Essa tua
inocência… Sei que a tua é bastante diferente da minha, e orgulho-me bastante
desse facto, não foste obrigada a crescer cedo de mais… mas talvez o som não
seja o mesmo que eu ouvi. Por vezes ainda oiço os sinos tocar…
Empresta-me essa tua ignorância involuntária…
E se eu puxasse os ponteiros para trás?
A única coisa de que tenho a certeza é que eles continuariam
a seguir no sentido que lhes foi ensinado.
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