domingo, 7 de outubro de 2012

Relógios


16 anos, 6 meses, 7 dias e 1 hora de vida…
Não sei do que sinto mais falta, se é do som, do sabor ou do cheiro, apenas sei que o que queria era que os ponteiros do relógio decidissem rodar, desta vez, na direcção contrária. Tenho saudades da ingenuidade e da protecção, do conforto e da clareza… Talvez nos tenhamos perdido algures entre o tempo e o vazio.
Um ano e alguns segundos, tempo a mais que noutro lugar seria fatal, o que não significa que não me mate na mesma. A única diferença é que o relógio não parou nem mudou de direcção.
Existe um horizonte pelo qual passeamos os olhos vezes sem conta, e sem nos apercebermos do quão paranóicos isso nos faz. Afinal de que nos serve ele?
Queria voltar a sentir a doce frescura de uma manha de sol, naquele que era o nosso campo de refugio, eu envolta nos braços que me trouxeram a este mundo, tu ainda à espera para chegares.
Sei que ainda não o sentes, mas o mundo será ainda mais cruel para ti, porque não tens armas com que te defender. Mas tu sabes chorar… eu não.
E se eu mudar a direcção dos ponteiros? Ou e se eu os atrasar 13 anos?
Um ano e alguns segundos depois, eu escrevo sobre o nada que se passou entretanto e o tudo que se perde constantemente… a vida é feita de pequenas coisas, coisas essas que ainda não te apercebeste que existem, mas que um dia te farão imensa falta.
É disso que eu necessito! É isso que eu quero! Essa tua inocência… Sei que a tua é bastante diferente da minha, e orgulho-me bastante desse facto, não foste obrigada a crescer cedo de mais… mas talvez o som não seja o mesmo que eu ouvi. Por vezes ainda oiço os sinos tocar…
Empresta-me essa tua ignorância involuntária…
E se eu puxasse os ponteiros para trás?
A única coisa de que tenho a certeza é que eles continuariam a seguir no sentido que lhes foi ensinado.

Sem comentários: